
Era uma vez uma cidade, onde
todos seus habitantes usavam fones de ouvido para ouvir música nos
seus aparelhos portáteis, MP3, IPOD, etc.... As ruas se enchiam de
gente caminhando em todas as direções, todos desfrutando de suas
músicas preferidas sem incomodar os demais.
Mas este duvidoso respeito
pelos demais, converteu-se numa catástrofe. Todos os cidadãos,
mergulhados na música portátil, não se comunicavam entre si.
Ficavam com o olhar perdido, tão absortos e introvertidos que
viviam apenas para ouvir, cada um, sua música, marcar o ritmo com
o pé e às vezes cantarolar suas letras preferidas.
Até que um dia os aparelhos
musicais começaram a silenciar. As pilhas estavam gastas e o
estoque das lojas esgotou-se rapidamente. A notícia do fechamento
das fábricas caiu como uma bomba na cidade. A matéria prima usada
na fabricação das pilhas tinha-se esgotado.
Um grande silêncio
substituiu a música. A gente se sentia desorientada e perdida. Até
que, de repente, estourou uma grande gargalhada. As pessoas saíam
de seu longo letargo musical e descobriam a felicidade de ouvir os
demais. O silêncio esmagador se transformou em festa, numa grande
festa popular. As pessoas voltavam a se comunicar, a entender-se,
a amar-se...
(Herminio
Otero em “Posters con humor”)
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