
Num grande
quintal vivia, cheio de si, o galo. Ele estava orgulhoso de sua
autoridade no quintal, nada acontecia sem que ele soubesse e
participasse. Estava orgulhoso também de sua força, de sua beleza,
de suas penas coloridas e de seu canto.
De manhã cedo,
acordava com o clarão do horizonte e, então, bastava que cantasse
várias vezes e o sol surgia brilhante no céu.
- O sol nasce
pela força do meu canto - dizia ele. - Eu pertenço à linhagem dos
levantadores do sol. Antes de mim era meu pai; antes de meu pai
era meu avô!...
Um dia, vencido
pela gula, comeu mais grãos de milho dos que deveria comer. Em
consequência teve uma noite péssima. Só conseguiu dormir quando a
escuridão começava a diluir-se. Quando apareceram os primeiros
clarões no horizonte, ele estava dormindo com a cabeça debaixo da
asa como dormem as aves. O sol nasceu brilhante como sempre e o
galo nem percebeu. Quando finalmente acordou, o sol já estava
alto.
Aí, ele ficou
apavorado. Como o sol tinha nascido sem esperar seu canto de
chamada? As galinhas confirmaram que o sol tinha nascido como
todos os dias. O galo ficou super decepcionado. Seu orgulho se
encolheu. Não era ele que fazia nascer o sol.
Sentiu-se
humilhado e se escondia bem longe, onde ninguém fosse
importuná-lo. Até que uma galinha o descobriu, soube o que tinha
acontecido e lhe deu o seguinte conselho:
- Você nunca
fez nascer o sol. Mas volte a cantar quando ele surgir no
horizonte. Saber a verdade o torna mais sábio.
(Adaptação de um conto oriental)
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